terça-feira, 19 de maio de 2009

Niríshwarasámkhya

foto: Vini Rocha


Há dias estou tentando escrever um texto que esclareça um pouco mais sobre Sámkhya, a filosofia que fundamenta o Yôga Antigo.
Fiz várias versões, com explicações sobre tattwas, gunas, púrusha, prakriti... e a coisa ficava cada vez mais complicada.

Até que parei para pensar: será que há 5.000 anos atrás as pessoas complicavam tanto as coisas assim? Será que preciso saber tudo isso para sentar e fazer uma boa prática?

Cheguei a conclusão que não. O que precisamos é ter uma atitude mais descomplicada e enxergar as coisas como elas são. Aí que me veio na cabeça alguns versos de Alberto Caeiro, o heterônimo pastor de Fernando Pessoa.

Para mim, ninguém até hoje explicou o Sámkhya de uma forma tão simples e bela. Por isso resolvi postar aqui dois trechos escritos por Pessoa e que na minha opinião, é o que precisamos saber e sentir para sermos realmente naturalistas!

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.

Não é o bastante ser cego
Para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.



O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,

E nem pensar quando se vê,

Nem ver quando se pensa.

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!)

Isso exige um estudo profundo,

Uma aprendizagem do desaprender.

Fernando Pessoa
(Alberto Caeiro)

9 comentários:

  1. Quando olhamos as coisas ao nosso redor, inconscientemente vem rótulos na nossa cabeça que não nos deixam ve-las na sua forma pura.
    Ao olharmos algo sem rótulo nenhum, somente olhar por olhar, podemos contemplar de uma forma diferente que nos eleva a um estado de paz plena, e numa fase mais avançada podemos ver um pouco de nós dentro de cada coisa que olhamos.
    A sensação é de puro prazer!

    Muito bom esse tópico vini! Interessante!

    Um Grande Abraço!

    Jéferson

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  2. Que lindo Wi. É isso aí!!! Demais esses versos...não me recordava destes. E tem mais:
    Diz Caeiro: Esse mais conhecido:
    " Mas se Deus é as flores e as árvores e os montes e sol e o luar, então acredito nele, então acredito nele a toda a hora, e minha vida é uma oração e uma missa, e uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos.
    Mas se Deus é as flores e as árvores, e os montes e o luar e o sol, para que lhe chamo eu Deus? Chamo-lhe flores e árvores e montes e sol e luar."
    Fernando Pessoa

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  3. Boa Nanda e Jef, foram rápidos nos comentários.
    E parece que o Caeiro inspirou vocês!
    Estão super poéticos ;)

    Precisamos de mais poesia em nossas vidas.

    Abraços,
    Vini

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  4. Legal!

    Belos dizeres poéticos, simples e instigadores!

    Abraços.

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  5. Que lindo tudo isso!!

    Beijos!

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  6. Sem dúvida um bom texto, mas não pude deixar de observar a foto... Simples e perfeita. Bastante significativa para as palavras escritas. Será a arte do Vini ???

    Beijos.

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  7. Oi Sheila, obrigado pelo elogio e por participar desse blog.
    Achei que a foto ia ilustrar bem as palavras de Alberto Caeiro.
    E a foto é minha sim... hehehe
    Esqueci de colocar o crédito da imagem.

    beijos,
    Vini

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  8. Encontrei um lugar muito especial onde me sinto muito bem...
    é calmo,os sons me encantam,
    é colorido, brilha sem ofuscar,
    é quente, me descontrai e me faz descançar,
    é perfumado, assim como o amor!
    Como desvendei esse lugar?
    Fechei os olhos, parei de ouvir e esqueci que podia pensar...
    a porta abriu...era meu coração me convidando para entrar...
    Entrei!

    Um beijo muito especial no coração de todos vocês meus amigos queridos!
    Celi

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  9. Parabêns Celi!!!
    Achei demais isso!

    Bjão!

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